sábado, 11 de janeiro de 2014

Justiça não pode matar o futebol

O futebol brasileiro há anos tem toda a sua movimentação articulada no âmbito da Justiça Esportiva. Isso representa que as questões do mundo da bola são, exclusivamente, resolvidas nesse ambiente. Essa é a fórmula utilizada internacionalmente com o aval da Fifa, a federação que regulamente o mundo futebolístico em todo o mundo. A tradição estabeleceu que as coisas do futebol não poderiam e não podem ser resolvidas fora do mundo do próprio esporte.

A Fifa estabelece uma série de sanções aos clubes que deixam a área do esporte para recorrer à Justiça comum, salvo questões, evidentemente, que fogem ao mundo da bola. Por exemplo, um crime cometido por algum atleta ou outra irregularidade no convívio social. As questões trabalhistas também são resolvidas fora da área esportiva.

No caso do Brasil, com a criação do Estatuto do Torcedor, criou-se um mundo paralelo ao do próprio futebol e isso possibilitou que com o chamado jeitinho brasileiro, um verdadeiro pandemônio tenha sido criado em relação ao último Campeonato Brasileiro, abrindo-se perigosa brecha para a inviabilidade de qualquer competição esportiva. Até um pênalti, exagero à parte, poderá ser discutido fora do gramado, modificando resultados e pontuações.

Esse duplo mundo da Justiça  - a Esportiva e a Comum -, em pleno ano da disputa da Copa do Mundo no país, dá ao mundo um triste espetáculo da desorganização brasileira. Como, para não sofrer sanção da Fifa, os clubes não recorrem à Justiça Comum, com o Estatuto do Torcedor, qualquer cidadão entra na Justiça e por meio de uma ação consegue uma reviravolta nos resultados da competição, fazendo da Justiça Esportiva uma letra morta.

Seria ridículo vermos um simples resultado de uma partida de futebol acabar em julgamento na mais alta Corte do país, por si envolta em vários e intrincados processos que nela se acumulam.

Definir os limites da Justiça Esportiva, de modo a manter ou não a sua autoridade para decidir sobre as coisas do mundo do futebol seria um grande benefício aos próprios clubes e torcedores da chamada maior paixão nacional.

Atualmente, o chamado mundo da bola soa ao grotesco.


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