quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mudanças de técnico

Muitas críticas são feitas aos clubes brasileiros em relação às constantes trocas de técnicos. Trata-se, no entanto, de um fato a ser analisado com um pouco mais de cautela. Não é o exemplo do futebol europeu, com técnicos se perpetuando no comando das equipes por várias temporadas, o modelo ideal. Pelo contrário, o estilo brasileiro tem também algo de positivo. Este ano, o campeão brasileiro amargou durante a competição derrotas seguidas do técnico Abel Braga e tentou resistir ao máximo pela manutenção de seu treinador. Depois tentou com Vanderlei Luxemburgo garantir um técnico do chamado primeiro escalão e acabou dando com os burros na água. Talvez o equívoco - tudo é mais fácil depois do leite derramado - foi a convocação de Dorival Júnior, que fracassou no Flamengo e em seguida no Vasco.

No Flamengo, a sorte veio quando Mano Menezes, com status de ex-técnico da Seleção Brasileira ter abandonado o barco em pleno vestiário. Foi com o interino Jayme de Almeida que o Mengão encontrou o seu rumo, quando rondava a zona do rebaixamento com um desempenho desastroso. Infelizmente, Vasco e Fluminense não encontraram o seu Jayme, com condições de tirar as equipes do sufoco.



A própria Seleção Brasileira é exemplo da importância da mudança de um técnico. O caminho traçado por Mano Menezes vinha visivelmente fazendo água. A convocação de Felipão gerou desconfiança, pois, o técnico também vinha fracassando no Palmeiras. Mas, as coisas mudam de minuto a minuto e Scolari, com o apoio de Parreira, conseguiu dar novamente confiança à seleção que agora figura como uma das favoritas a conquista do título, tendo também ganho a Copa das Confederações.

Para um  jogador, a troca de técnico também pode ser um fator benéfico. Ela às vezes surge como fator motivador e de repente o futebol escondido começa a ter um rendimento inesperado. Foi esse, no caso do Flamengo, o que ocorreu com o artilheiro Hernane, que estava cotado para ser mandado embora da Gávea, o mesmo ocorrendo com o volante Amaral, que acabou até marcando gol decisivo, além de Luiz Antonio, cujo futebol cresceu muito com o novo técnico.

Também, a mudança de ares é benéfica para alguns técnicos. Em equipes com menor grau de pressão acabam desenvolvendo um trabalho de forma mais tranquila e tendo mais força para colocarem em prática suas ideias. Em um grande clube, às vezes o técnico é pressionado (mesmo que subliminarmente) para escalar alguns medalhões, com salários elevados e que causariam, no caso do banco de reserva, problemas com empresários, patrocinadores e mesmo dirigentes.

Como ocorre com jogadores há casos de técnicos que também precisam de um tempo de geladeira, a fim de que possam se atualizar e evitar o desgaste. Mesmo medalhões como Vanderlei Luxemburgo necessitam desse tempo de sair um pouco de cartaz. Renato Gaúcho é um exemplo de uns que foram vítimas do desgaste e agora retornam por cima. Outro exemplo são os de craques da bola que procuram seguir a posição de técnico e acabam não engrenado. Por enquanto, os exemplos são os de Falcão e Dunga, mas pode ser que as coisas acabem mudando para o lado deles.

No futebol brasileiro o que conta é a meritocracia. Muitas derrotas seguidas é sinal seguro de que o técnico começa a ficar "prestigiado".
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