FUTEBOL PARA
QUEM TEM BALA
NA AGULHA
O futebol brasileiro está voltando as suas origens, quando era apenas apreciado por uma elite e distanciado do povo. As pessoas compareciam às partidas de futebol como se fosse assistir a uma ópera no municipal. Antes de ser popularizado era um esporte praticado por pessoal endinheirado e não havia, por exemplo, lugar para o negro.
Com o padrão Fifa, cada vez mais, a população mais pobre vem sendo afastada de nossos estádios. Não que se defenda o desconforto como o que ocorria na antiga geral do Maracanã. No entanto, faltou sensibilidade para se reservar um espaço generoso em nossos estádios para o torcedor tradicional. Aquele que, praticamente, gosta de ver os principais lances - cada vez mais raros - em pé.
Quem gosta de festejar pulando, abraçado, dançando está de fora. A torcida organizada e a famosa Charanga do Mengo definitivamente ficarão ausente da festa. Como foi dito, o torcedor agora tem de aprender a se comportar como os que assistem uma partida de tênis. Chegaremos ao ponto de ver os jogos no mais completo silêncio e só por ocasião dos gols teremos o direito de bater palmas de forma comedida e educada.
O Maracanã está de volta, no próximo domingo, com Vasco e Fluminense. O ingresso mais barato - atrás do gol - custará 60 reais. Fora isso há gastos adicionais como transporte, refrigerante, água e lanches com preços superfaturados no padrão de uma economia de primeiro mundo, como a nossa.
O torcedor tradicional terá de se contentar em ver a partida pela telinha da televisão em casa ou na periferia da cidade, nos bares, podendo tranquilamente tomar a sua cerveja e consumir o seu podrão, com direito a batucada, gritaria e dança coreografada.
Geraldinos e arquibaldos, definitivamente, são figuras do passado, no futebol padrão Fifa.
MAURICIO FIGUEIREDO
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