quinta-feira, 11 de julho de 2013

Clubes possuem administração amadora

DANÇA DOS TÉCNICOS:

A QUEM INTERESSA? 

MAURICIO FIGUEIREDO

Oito técnicos já foram demitidos nesta fase inicial do Campeonato Brasileiro. Cada demissão implica em enorme prejuízo para os clubes, em virtude das multas rescisórias elevadas. Na dança das cadeiras, os dirigentes amadores tentam resolver a baixa qualidade de seus elencos, com a contratação de um novo "feiticeiro" que fará o milagre de fazer a equipe jogar bola. Só que "feiticeiro" em futebol só houve um: *Fleitas Solich (foto), que brilhou no Flamengo.

Os técnicos foram elevados a figura de pop stars. Muitos são ótimos em entrevistas e em participações em mesa redonda na televisão, mantendo a audiência elevada com muito palavreado e pouco efeito na prática. Uns são os covardes que armam o time na retranca, tentando garantir por mais tempo o empregão. Outros são mais ousados e mandam o time pra frente e na primeira goleada sofrida acabam com a cabeça cortada.

Há técnicos que chegam aos clubes dando a impressão de "salvadores da pátria". Eles acertam com os dirigentes que terão carta branca total. Se metem na preparação dos juniores e dão até pitaco no time de fraldinha, garantindo que no futuro o time poderá ter um novo Falcão ou quem sabe um novo Neimar.

Alguns técnicos se intrometem até no cardápio da nutricionista e durante a noite, na concentração, atuam como vigias implacáveis, a fim de que seus pupilos não quebrem a abstinência necessária para a competição do dia seguinte.

No amadorismo do futebol brasileiro, os "professores" passam a dar aulas aos seus atletas, convictos que em poucos dias eles serão a réplica perfeita do Barcelona ou da seleção da Espanha. O "botocudo" zagueiro que só sabe dar chutão ou mesmo o cabeça de área - ou cabeça de bagre - é orientado para sair jogando, como se fosse um refinado Domingos da Guia, Didi ou Gerson.

Para mostrar que o grupo está unido, há técnicos que ensinam seus alunos até a maneira certa de darem entrevista. A derrota tem de ser explicada fazendo alegação ao fato de que "tomamos dois gols de bola parada". A bola parada explica qualquer mau resultado. Outra saída é jogar a culpa para o juiz: "ele não deixou nosso time andar. Paralisava o jogo sempre marcando faltas inexistentes". Há também os que mencionam o péssimo estado do gramado: "a grama estava alta"; "a grama estava baixa e a bola corria muito". E todos esqueciam rapidamente o início da carreira jogando em campos carecas e esburacados.

O novo técnico chega falando que foi contratado porque achou o "projeto" do clube, altamente profissional. Terá condições de fazer um trabalho de primeiro mundo. Vai supervisionar a construção do CT, escolherá a banheira e os chuveiros do vestiário.

O bom de tudo, é que o técnico nunca vem só: com ele vem o preparador físico, o médico, o nutricionista, o massagista, o preparador de goleiros, o jogador-batuqueiro para animar a equipe na concentração e no ônibus de viagem, o psicólogo, a mãe de santo, o neuro linguista, o assessor de imprensa, o segurança máximo, e toda uma equipe altamente qualificada. Quando a vaca vai pro brejo, as dívidas contraídas vão para o clube.

E quem paga por tudo isso é o torcedor, que acaba fazendo papel de otário.

*Fleitas Solich - A história do treinador paraguaio Fleitas Solich no Flamengo se inicia com a conquista, pelos paraguaios, do Campeonato Sul-Americano. Foi o segundo técnico que mais comandou o Flamengo, só sendo superado por Flávio Costa, sendo o terceiro técnico que mais conquistou títulos oficiais na história do clube (cinco títulos, entre eles o tricampeonato de 1953, 54 e 55).

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