sexta-feira, 12 de julho de 2013

Craque é fundamental para ganhar títulos

DÊEM-ME RONALDINHO
QUE LHES DAREI O TÍTULO

 MAURICIO FIGUEIREDO


Aos técnicos da atualidade, com seus supersalários, falta a ousadia de Gentil Cardoso de exigirem, no mínimo, um craque em suas equipes.

O Atlético Mineiro desponta como um dos grandes favoritos para a conquista do Campeonato Brasileiro de 2013. Dono de um forte elenco, o clube tem tudo para chegar, no mínimo, entre os primeiros colocados na competição. De verdade, o técnico Cuca poderia ter sido o autor da frase célebre do técnico Gentil Cardoso, que ao assumir, em 1946, o comando do Fluminense, simplesmente declarou aos dirigentes: "Dêem-me Ademir que lhes darei o título". No caso de Cuca não foi sequer necessário fazer este pedido. Os dirigentes apenas foram buscar o craque Gaúcho que estava brigado com os dirigentes da Gávea. A simples contratação de Ronaldinho aliado a companheiros de equipe também bons de bola credenciam o Galo Mineiro a conquista de qualquer título. E o Gaúcho é, sem dúvida, a estrela máxima da equipe.
Em 1946, o diretor de futebol do Fluminense, insatisfeito com o rendimento da equipe, demitiu o técnico Hector Cabelli e teve a ousadia de contratar Gentil Cardoso, que no início do Campeonato Carioca fez um único pedido, acompanhado de uma promessa:  "Dêem-me Ademir, que lhes darei o título".

Ademir Menezes era simplesmente um dos maiores artilheiros do Brasil e defendia a camisa do Vasco da Gama, sendo disputado por vários times. O tricolor (mesmo sem Unimed que sequer existia) não teve medo de ser feliz e saiu vencedor da disputa, trazendo Ademir para as Laranjeiras.
No dia 28 de março de 1946, o Fluminense arrebatou Ademir, o famoso Queixada, do Vasco com a proposta de 35 mil cruzeiros pelo passe, com contrato de 2 anos, 80 mil de luvas e mais 85 mil arrecadados por um grupo de sócios. Os jornais da época registraram que se tratava de uma verdadeira fortuna, equivalente a de um bom apartamento de luxo na Zona Sul do Rio.

Na disputa do Supercampeonato de 1946 participaram 10 equipes,  em turno e returno, jogando todos contra todos. O campeonato terminou com América, Botafogo, Flamengo e Fluminense, após os 2 turnos, empatados com o mesmo número de pontos. Diante disso, foi elaborado o Supercampeonato por meio de um quandragular final, que despertou grande interesse entre os torcedores. Com a perda de seu craque Ademir (como agora ocorre com o Flamengo, sem Ronaldinho), o Vasco da Gama sequer chegou a classificação final, decepcionando seus torcedores.

Tanto como hoje, a presença do craque faz a diferença. Ademir foi fundamental para a conquista do Supercampeonato tricolor, tendo marcado 24 dos 97 gols feitos pela equipe. O Queixada, no quadrangular final, marcou sete gols em cinco partidas disputadas, tendo inclusive decidido o título a favor do tricolor no jogo contra o Botafogo, com a vitória consagradora por 1 x 0.

Foram 24 jogos disputados e Ademir Menezes foi decisivo na maioria das partidas, com o Fluminense obtendo 18 vitórias, 1 empate, 5 derrotas. Foram feitos 97 gols a favor, 45 contra, com saldo positivo de 52 gols.

O time base que conquistou o Supercampeonato de 1946 foi o seguinte: Robertinho; Gualter; Haroldo; Pé-de-Valsa; Pascoal; Bigode; Pedro Amorim; Simões; Ademir Menezes; Orlando ( Pingo-de-Ouro ); e Rodrigues (artilheiro do campeonato com 28 gols).

Aos técnicos da atualidade, com seus supersalários, falta a ousadia de Gentil Cardoso de exigirem, no mínimo, um craque em suas equipes.

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