terça-feira, 21 de junho de 2016

Pênalti: só o presidente e comentarista que não perdem

O linguajar do boleiro diz que pênalti é tão importante que o presidente do clube deveria bater. Só que os presidentes não são otários e nenhum se propõe a ser responsável pelo lance.

A cobrança de um pênalti, aparentemente, parece uma jogada super fácil. Contudo, na prática há inúmeros fatores que podem transformar a cobrança em um verdadeiro desastre, tanto por parte de um craque como Baggio da Itália, na Copa do Mundo, de 1994, que deu o título ao Brasil, mandando a bola às nuvens, enquanto um perna de pau pode simplesmente acertar o gol, mesmo que bata na bola sem categoria.



Baggio: tinha um Taffarel e as nuvens em seu caminho

O repórter de campo, aquele que depende do jogador para as suas entrevistas ou mesmo para aceitar o convite de visitar sua emissora mesmo que em um domingo tarde da noite, costuma poupar os atletas de criticas, ao contrário do comentarista de cabine que por não ter maior envolvimento com o atleta, às vezes joga para a plateia entrando por meio do microfone da rádio ou televisão, no coro dos que esculacham o atleta que perde um pênalti decisivo em uma partida.

É evidente que nenhum atleta bate um pênalti para perder. Muitos, realmente são displicentes na cobrança, procurando enfeitar ainda mais o pavão, com paradinhas e invenções de técnicas arriscadas na cobrança. Se der certo são gênios. O jogador comum deve evitar esse tipo de cobrança.

Treinar pênalti regularmente ajuda muito. Em uma decisão de campeonato todos os jogadores podem ser convocados para a cobrança e por isso, zagueiros botinudos e goleiros devem ser treinados constantemente nesse tipo de lance.

Contudo, na hora H, o que pesa é a tranquilidade, pois o clima do jogo muda tudo. O nervosismo aumenta ou então, sobretudo, quando há prorrogação as pernas ficam mais pesadas e o raciocínio torna-se mais lento.

Na atualidade, bater pênalti tornou-se mais difícil, a começar pelo tamanho dos goleiros. No passado, um goleiro de 1 metro e 80 era considerado gigante, mas agora não passa de um simples baixinho. Não havia a figura do treinador de goleiros, não havia informações sobre os cobradores de pênaltis, com qual perna bate, qual o estilo preferido de cobrança, em que canto bate, etc. O goleiro vai para o lance sabendo tudo sobre o cobrador. Sabe quando deve ficar parado no meio do gol ou quando deve ficar dançando sobre a linha. Sabe até sobre o árbitro que não liga caso avance alguns metros antes da cobrança, facilitando a defesa, o que às vezes é tolerado ainda mais se o adversário for um clube pequeno.

Culpar o batedor pela perda do pênalti é fácil para quem joga para a galera. É só dizer, mesmo sem conhecimento de causa, que o atleta não treina, que foi displicente no lance e tudo o mais para aumentar a fúria geral.

Ao mesmo tempo que exalta-se antigos cobradores como Didi, Gérson, Zico, Pelé, Sócrates, Djalminha esquece-se que todos eles perderam pênaltis também e no caso de Zico e Sócrates em copas do Mundo. Rivellino não perdia, pois não cobrava devido ao seu tradicional nervosismo, só batia e de forma excelente as faltas. Como o italiano Baggio perder pênaltis, mesmo que decisivos, são coisas que acontecem. O futebol serve para mostrar que errar é humano e cada um também erra em sua profissão ou mesmo nas coisas da vida.

Tem gente que diz que bate três pênaltis seguidos e acerta tudo. Que nunca perdeu um pênalti na vida. Mas, isso é papo para otários. O único que nunca perdeu um pênalti foi o presidente do clube, pois não perde seu tempo em pedir para cobrar. (MAURICIO FIGUEIREDO)
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