Como no clássico do Gabriel Garcia Marques, a eliminação do Brasil de Dunga da Copa América do Centenário, derrotado por 1 a 0 pelo Peru, não deve causar espanto a quem acompanha atentamente e sem paixão o futebol. Um aprendiz de técnico, que já havia fracassado em uma Copa do Mundo, em 2010, e retornou ao posto sem ter em seu currículo o comando mínimo de uma equipe de várzea ou de terreno baldio, para trazermos de volta a velha expressão de Nelson Rodrigues, não poderia fazer milagres depois do fatídico e vergonhoso desastre brasileiro na Copa do Mundo de 2014, em pleno solo pátrio recheado de muitos elefantes brancos de estádios pomposos construídos para o evento.
Dunga é o menos culpado do novo fiasco brasileiro. Foi colocado no cargo pela incompetência histórica do descomando da CBF. Em momento algum conseguiu armar uma equipe de futebol, mesmo que de forma um pouco articulada. Cada convocação representava apenas um amontoado de atletas recolhidos nos mais diversos rincões do mundo em detrimento de muitos que atuam no futebol brasileiro, mas que, embora sem também serem craques possuem a vantagem da familiaridade de um estilo de jogo nacional.
Esse amontoado, em momento algum conseguiu dialogar, a não ser no "ouro de tolo" que foi o massacre contra a inexistente seleção do Haiti recolhida dos escombros econômicos de um país ainda devastado. Jogadores sem inteligência crítica brincavam de fazer gols e com cenas grotescas como a de engraxar as chuteiras uns dos outros. Era o Brasil do ridículo batendo em cachorro morto.
Agora, a eliminação para o Peru vem marcada de críticas como a do gol de mão cometido pelo adversário, como se isso fosse o bastante para justificar a mediocridade do futebol do time de Dunga.
O problema do futebol brasileiro é o mesmo de 1966, quando pela desorganização e bagunça chegamos a formar 4 times, mas sem nunca termos formados uma seleção. E lá em 1966 estavam muitos grandes dos nossos jogadores, entre eles, inclusive Pelé e Garrincha, já um arremedo do seu passado glorioso e em fim de carreira, como Dunga chegou a fazer no desespero com as convocações de Robinho e Kaká, ambos banco no Milan, antes de tomarem novo rumo.
Só que do desastre em 1966, o Brasil tomou vergonha na cara para em 1970 com base no trabalho de João Saldanha e Zagallo, verdadeiramente técnicos, ter formado uma de suas maiores seleções de todos os tempos ao lado da histórica de 1958.
Repetir as lições de 70 parece ser o caminho. Mas, com Dunga e os atuais dirigentes da CBF isso parece ser uma história impossível, com o Brasil caminhando para mais um novo desastre. (Mauricio Figueiredo)
segunda-feira, 13 de junho de 2016
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BRASIL eliminado: Crônica de uma morte anunciada
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