segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Browse » Home »
Mauricio Figueiredo
» Patrícia Moreira: perdão foi feito pra gente pedir
Patrícia Moreira: perdão foi feito pra gente pedir
A Psicologia diz que em determinadas situações, muitas pessoas saem do seu equilíbrio emocional e passam a agir acompanhando a massa em atitudes agressivas e irracionais, o que seria o inconsciente coletivo em ação. Todos sabem que o racismo está entranhado na sociedade brasileira, a partir da própria marginalidade imposta aos negros no processo de Abolição. Ao contrário do imigrante europeu e asiáticos, ao negro não foram dadas benesses para poder "vencer na vida". Mesmo assim, muitos rompem a barreira dessa ignominiosa segregação racial e como disse o poeta Drummond, em relação ao vestibular, conseguem um "lugar ao sol brasileiro".
E, para muitos negros essa conquista se dá em maior grau, por meio do esporte, da arte, da culinária e da música em especial, com o exemplo marcante da escola de samba no Rio e o carnaval e festas gerais de Salvador. No mundo do futebol a presença do negro foi fundamental para o desenvolvimento do esporte no país, com a criação do que se convencionou chamar de escola brasileira, na qual pontearam Didi, Garrincha, Pelé, Ronaldinho Gaúcho e tantos e tantos outros. O jovem goleiro Aranha, da equipe do Santos, é um desses milhares que estão em busca do "lugar ao sol brasileiro".
Em um gesto de grande dignidade, e, de exemplo para seu filho pequeno que disse se orgulhar de ter um pai negro, Aranha declarou sentir pena da jovem Patrícia Moreira, que, de repente, no triste episódio na Arena do Grêmio, foi transformada em símbolo nacional da intolerância contra o racismo. Ela perdeu o emprego e teve em sua defesa familiares e amigos, inclusive negros, dizendo que foi envolvida pelo clima geral de hostilidade de parte de torcedores no estádio contra o atleta.
Patrícia agora vai será alvo de um inquérito policial e como jovem corre o risco de ter o seu início de vida marcado por um lamentável episódio. Mas digno seria, com os seus advogados, tentar uma retratação diretamente em Santos com o goleiro Aranha. Preferencialmente, levando flores, em um ato que fica mais em acordo com verdadeiros seres humanos, especialmente, as mulheres, que como diz a canção de protesto de John Lennon contra o racismo e preconceito são "os negros do mundo". Mas por enquanto fiquemos com o negro compositor brasileiro, orgulho de nossa música, Ataulfo Alves: "Covarde sei que me podem chamar... perdão foi feito pra gente pedir".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário