domingo, 24 de março de 2013

Treino é treino, jogo é jogo

LIÇÃO DE MESTRE DIDI
PARA O TÉCNICO JORGINHO





Didi, o Valdir Pereira, foi um dos maiores meio campos do futebol mundial de todos os tempos. Mestre Didi comandou a seleção brasileira de 1958, a do primeiro título brasileiro em uma Copa do Mundo. Conta-se que em uma das partidas na Suécia, quando o Brasil tomou o primeiro gol do adversário, deixando o time atônito, Didi foi tranquilamente até o gol, pegou a bola e foi caminhando tranquilamente até o meio de campo, falando calmamente para os demais jogadores: "não foi nada, vamos meter gols nesses gringos".

Na correria desordenada que se transformou o futebol da atualidade, a máxima de Mestre Didi continua sendo um sinal de alerta para muitos: "Quem corre é a bola!" Mas para fazer a bola correr é necessário ser preciso no passe. Ter categoria em matar uma bola e toda uma série de qualidades que também têm estado ausente em nossos gramados. Quando o Barcelona passou a adotar esse método, encantou o mundo e faz da seleção da Espanha uma das mais credenciadas ao título na Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Enquanto isso, nossos garotos parecem que desaprenderem de jogar. São hábeis em fazer falta nos adversários; na tentativa dissimulada de enganar o juiz com o famoso cai-cai; no agarra-agarra ridículo nas jogadas de escanteio; na falta de empenho e tudo o mais.

O técnico Jorginho do Flamengo errou ao pensar que bastaria alguns poucos treinos e muita conversa para mudar o time do Flamengo. Disse que queria um time com a posse de bola e que falasse mais em campo. Mas essas não são coisas que acontecem da noite para o dia. É mais fácil um camelo passar por uma agulha do que mudar a mentalidade arraigada de pessoas. E jogadores profissionais são assim. Já possuem vícios e manhas e poucos são os que possuem condições de mudar.

É bom ter um time conversardor em campo. Mas, não são todos os jogadores que possuem essa característica. Didi era um jogador que sabia orientar os companheiros e Gerson, o canhotinha de ouro, seguiu a mesma escola. Há outros jogadores, no entanto, que o melhor é ficarem de boca calada, tanto no jogo como na ida para o vestiário no intervalo ou nas entrevistas após a partida. Simplesmente, não sabem falar ou mesmo fazer uma leitura do jogo. Há outros que são craques, mas são de pouco falar, como o próprio Messi do Barcelona.

Também os nossos técnicos precisam aprender muito com mestre Didi, que armou uma das melhores seleções peruanas de todos os tempos. Hoje, temos muito técnicos faladores, gargantas, sempre prontos a explicar o inexplicável, como a derrota de seus times e o péssimo desempenho de seus jogadores. São verdadeiros douradores de pílular.

Como diria mestre Didi: "menos papo e mais futebol". No resto, "treino é treino e jogo é jogo". Mais ação. Façam o jogo senhores, mas sem maltratar a bola.

MAURICIO FIGUEIREDO






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