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David Luís: hora de roubar a bola do "dono do time" |
O Brasil começa a Copa do Mundo, dia 12, com um sério problema que é a enorme dependência em torno de Neymar Junior. De simples coadjuvante no Barcelona, na seleção o ex-ídolo do Santos, com 22 anos, tem o status de dono do time. Ele é quem bate os escanteios (muitas vezes mal, com bolas rasteiras enquanto os zagueiros e Fred esperam por um cruzamento pelo alto). Bate todas as faltas. Procura decidir tudo individualmente sem passar a bola para companheiros melhores colocados (principalmente Fred, com quem raramente dialoga) e diversas outras falhas, como a de driblar longe da área adversária, correndo o risco de sofrer contusões desnecessárias.
O grande erro do Brasil está no endeusamento de um atleta que ainda tem muito que provar o seu talento inegável, em termos de competição. A Confederação vencida pelo Brasil é um teste que não é muito levado a sério pelas seleções estrangeiras. Na hora H as coisas tendem a complicar. O amistoso contra a Sérvia permitiu que muitas de nossas falhas ficassem visíveis. Ainda temos uma certa fragilidade defensiva, especialmente, pelos flancos do gramado, no qual a baixa estatura e ofensividade de nossos laterais nos deixa expostos aos ataques adversários.
Em 1958, de longe a maior seleção brasileira de todos os tempos, o Brasil contou com a genialidade de Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos e Zagallo, dando-se ao luxo, entre outras coisas, de ter no banco de reserva atletas como Dida, o maior ídolo do Flamengo, na era antes de Zico. Em 1962, Garrincha, devido a contusão de Pelé decidiu a parada, chamando a responsabilidade parta si, marcando inclusive gol de cabeça, mas o equilíbrio foi mantido pela presença de Didi, Zito, Vavá e o despontar de Amarildo que substituiu o rei.
Em 1970, no México, o Brasil encantou o mundo, com a despedida brilhante de Pelé ao lado de estrelas como Gerson, Tostão, Jairzinho, Rivellino e Carlos Alberto. Em 1994, o Baixinho Romário comandou a massa, formando dupla com Bebeto. No penta de 2002, ao lado do Fenômeno imperaram Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. A seleção maravilhosa de 82 contava com o meio-campo Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, além dos grandes laterais Leandro e Junior.
É preciso que a existência de um bom equilíbrio para o sucesso da seleção. Baixar um pouco a bola de Neymar será benéfico para ele próprio e sobretudo para os atletas mais novos que de certa forma sentem-se intimidados com o "dono da bola". David Luís, com sua vasta cabeleira, parece ter tido a percepção da coisa. Em um lance frontal a área, na qual Neymar se postou para bater a falta, simplesmente, tomou a dianteira e fez a cobrança.
Uma seleção não pode ficar dependente de um único jogador. Mesmo que ele fosse o Pelé, o que Neymar está ano-luz de ser.
Mauricio Figueiredo
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