Na área maldita, onde nem a grama nasce, quem será o grande goleiro desta Copa?
Por Mario Brizon
Uma das profissões mais ingratas do mundo do futebol é a de goleiro. De maldito e frangueiro, a santo e gato, todos os goleiros têm seus dias de glória e dias de azar. Podem ter punhos de ferro num jogo e mão de maionese ou de alface no seguinte.
Num lugar tido como maldito, debaixo das traves, onde a coruja dorme, os quero-quero fazem ninhos, caveiras de burro são enterradas, mandingas são feitas e até onde nem a grama nasce direito, muitos se consagram, viram ídolos eternos e outros ficam amaldiçoados para o resto da vida. A linha tênue que divide o gol e o campo de jogo também divide a vida profissional e pessoal destes personagens, basta lembrarmos do saudoso Moacir Barbosa, goleiro do Vasco e da Seleção Brasileira na Copa de 1950. Unanimidade na sua época, esteve muito próximo de se consagrar e se tornar o primeiro arqueiro campeão do mundo, mas o chute do atacante uruguaio Ghiggia, para muitos defensável, selou e criminalizou Barbosa para o resto da vida. Ele mesmo se penalizou pelo ocorrido e carregou essa culpa para o resto da vida. Não vejo falha de Barbosa naquele gol.
E o que dizer de ídolos que tiveram seus caminhos destruídos por desacertos na vida pessoal? Basta lembrarmos do goleiro Bruno, ídolo do Flamengo, em grande fase profissional e que hoje poderia ser perfeitamente o titular da seleção. Sua carreira foi abreviada em função do assassinato da modelo Eliza Samúdio.
A Copa é o cenário ideal para o surgimento desses ídolos ou a derrocada de muitos deles. Lembremos do acrobático Higuita, da Colômbia, que na Copa de 1990 virou piada ao perder uma bola para o camaronês Roger Milla e levar um gol. Ou o espanhol Andoni Zubizarreta, que levou um frangaço na Copa de 1998 e viu a Espanha ser eliminada. E o grande Oliver Kahn, eleito o melhor jogador da Copa de 2002 antes da final com o Brasil. Derrotado e com atuação apagada, sua eleição foi contestada pelo mundo do futebol. Depois disso, abreviou sua carreira. E o que dizer do brasileiro Júlio Cesar, que falhou no gol que eliminou o Brasil em 2010? Fardo que o atormenta até hoje.
Mas, neste artigo, vamos nos prender aos grandes nomes e tentar adivinhar os que brilharão neste ano.
Para este autor, o maior de todos os goleiros é o italiano Dino Zoff, que sagrou-se campeão do mundo em 1982. Tinha um senso de colocação sem igual e era um líder nato. Zoff salvou a Itália de Paolo Rossi no último lance do fatídico jogo que eliminou o Brasil na Copa de 1982. Da escola italiana que se seguiu após ele, pode-se dizer que foi o grande professor dos craques Walter Zenga e Gianluigi Buffon, campeões mundiais também.
Mas há que se fazer jus ainda a Gilmar dos Santos Neves, o único goleiro bi campeão mundial como titular, nos anos de 1958 e 1962 e o inglês Gordon Banks, autor daquela que, até hoje, é considerada a maior defesa de uma Copa. Aconteceu em 1966, na Inglaterra, numa partida contra o Brasil.
Podemos lembrar de outros nomes consagrados. Vale ressaltar que o espanhol Iker Casillas e o italiano Gianluigi Buffon podem se igualar a Gilmar dos Santos Neves, caso a Espanha ou a Itália alcancem o triunfo.
Há muitos notáveis que não foram campeões. Da escola russa o "aranha-negra" Lev Yashin, nos anos 50, 60 e 70, considerado por muitos como o maior goleiro do Século 20, e nos anos 80, um de seus pupilos, Rinat Dasayev. Da Holanda, Jan Jonbloed, do famoso "Carrosel Holandês" dos anos 70, e nos anos 90 o fantástico Edwin Van Der Saar. Da Espanha, aquele que é considerado o maior goleiro de sua história, Ricardo Zamora, que jogou em 1934. Da Hungria, em 1954, um dos maiores times da história começava com um grande goleiro: Gyula Grocsis. Nos anos 70 e 80, do melhor time que a Polônia já teve veio um grande goleiro, Jan Tomaszewsi. Da escola belga dos anos 80 e 90, Jean-Marie Pfaff e Michel Preud-Homme. E da Argentina, Sergio Goycochea, grande nome na Copa de 1990. E merece ainda uma menção o paraguaio e artilheiro José Luis Chilavert e o mexicano Antonio Carbajal, que disputou cinco copas.
E algum grande goleiro ficou de fora da Copa deste ano? Certamente o checo, Petr Cech.
A lista dos campeões mundiais:
1930 - Enrique Ballesteros (Uruguai)
1934 - Giampiero Combi (Itália)
1938 - Aldo Oliveiri (Itália) - também campeão como reserva em 1934
1950 - Roque Máspoli (Uruguai)
1954 - Anton Turek (Alemanha)
1958 - Gilmar dos Santos Neves (Brasil)
1962 - Gilmar dos Santos Neves (Brasil)
1966 - Gordon Banks (Inglaterra)
1970 - Félix Venerando (Brasil)
1974 - Seep Mayer (Alemanha)
1978 - Ubaldo Fillol (Argentina)
1982 - Dino Zoff (Itália)
1986 - Nery Pumpido (Argentina)
1990 - Bodo Illgner (Alemanha)
1994 - Cláudio Taffarel (Brasil)
1998 - Fabian Barthez (França)
2002 - Marcos Reis (Brasil)
2006 - Gianluigi Buffon (Itália)
2010 - Iker Casillas (Espanha)
Mas, em quem apostar como o grande goleiro de 2014? Certamente o campeão será lembrado. Mas terá sido ele o melhor?
Nas opiniões, surgem alguns nomes indiscutíveis: Iker Casillas, Gianluigi Buffon e Manuel Neuer são os preferidos. Muitos apontam o belga Thibaut Courtois como favorito. Há quem acredite na recuperação de Júlio César, ou no seu reserva vai tomar a vaga: Jefferson. Na minha opinião, o melhor deve mesmo ser um deles, mas se tivesse que apostar em algum, escolheria Courtois, por estar em melhor forma e ter feito uma temporada impecável no Atlético de Madrid. Acho que o inglês Joe Hart também pode aparecer com destaque, isso se a Inglaterra superar a difícil chave em que está contra uruguai, Itália e Costa Rica.
E você, em quem apostaria suas fichas?
0 comentários:
Postar um comentário