Liminha e Cardosinho foram dois jogadores que no passado foram adquiridos pelo Flamengo com o intuito de resolver o grave problema do meio campo da equipe, onde anteriormente pontearam Dequinha e Moacir (campeão da Copa de 58), Carlinhos e Nelsinho e outras formações. De verdade, a história conta que o interessado era Cardosinho, que todos tinham como o craque, mas que Liminha foi empurrado como uma espécie de contrapeso nas negociações. Mas vestir a camisa do Mengão não é para qualquer um. O futebol de Cardosinho sumiu, enquanto o de Liminha cresceu com o Manto Sagrado, tornando-se um ídolo do Fla. No Mengo atual, a história parece se repetir com o festejado Carlos Eduardo, que chegou com fama de craque, e, o garoto Gabriel que veio com o seu futebol dos campos baianos sem a mesma fama.
Quem conta a história de Liminha e Cardosinho é o jornalista Marcelo Bebiano, pesquisador das coisas do Flamengo e do futebol em geral.
LIMINHA E CARDOSINHO
*MARCELO BEBIANO
No modesto Votuporanguense, time que disputava a série B do Campeonato Paulista, dois jogadores se destacavam, Cardosinho por seu talento e Liminha que apresentava muita disposição para marcar o time adversário. Um dos olheiros do Flamengo assistiu a uma partida do modesto time paulista e indicou a contratação de Cardosinho. Existe uma lenda na Gávea de que Liminha foi contratado apenas como contra-peso nessa negociação. Cardosinho, o habilidoso e talentoso da dupla contratada, fez 24 jogos, ficou no clube por pouco mais de um ano e depois sumiu. Liminha disputou 513 partidas, sendo até hoje o oitavo jogador com mais partidas disputadas pelo clube.
Liminha era o apelido de João Crevelim, paulista de Tietê (SP), nascido no ano de 1944. De família pobre, começou a trabalhar ainda menino como lavador de garrafas em uma destilaria. Começou no futebol pelo clube paulista Votuporanguense, e em 1968 chegou ao Flamengo, onde ficou até se aposentar em 1975.
Por atuar ao lado de Carlinhos, que era chamado de Violino, Liminha foi apelidado de Carregador de Pianos. Do falecido locutor Waldir Amaral também recebeu o apelido de “Motorzinho da Gávea”. Extremamente eficiente e muito raçudo, conquistou um total de 28 títulos pelo clube, sendo os mais importantes dois Campeonatos Cariocas em 1972 e 1974.
Marcou 29 gols pelo Mengão, sendo o primeiro deles já na sua segunda partida pelo clube, na derrota por 5 a 2 para o Guarani. Seu gol mais importante foi o primeiro gol que abriu a goleada por 5x2 sobre o Fluminense, jogo que deu ao Flamengo o título do Campeonato Carioca de 1972.
Um caso curioso que demonstra o amor e a dedicação de Liminha pelo Flamengo, foi um Flamengo x Vasco em que o Mengão precisava desesperadamente da vitória, Liminha então prometeu que em caso de resultado positivo faria uma corrida do Maracanã até a concentração do time em São Conrado. Após o jogo, pagou a promessa e percorreu a pé longos quilômetros até São Conrado.
Liminha também foi importante na vida de um certo garoto que começava a sua carreira como jogador do clube. Como morava em Engenho de Dentro, dava carona ao mais famoso morador de Quintino até a Gávea. Apesar dessa intimidade, não era Zico quem despertava maior carinho e admiração de Liminha, e sim outro meia, Geraldo. Em entrevistas Liminha sempre contou que era muito apegado e grudado a Geraldo, e nunca escondeu que o achava melhor jogador do que Zico. Infelizmente o destino não quis assim...
Após se aposentar Liminha virou treinador das categorias de base, passando pelo time de juniores do Flamengo e acumulando alguns títulos. No ano de 2005, Liminha treinou o time B do Flamengo na Copa Record, um torneio disputado por profissionais, mas por ser disputado ao mesmo tempo em que o Brasileirão o Flamengo mandou o time de juniores e mais alguns jogadores não aproveitados no elenco. Foi campeão do torneio em cima do Olaria numa disputa de pênaltis, e em sete partidas obteve quatro vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Seu desempenho fez com que fosse sondado para assumir a equipe principal nos primeiros jogos de 2006 até a chegada do técnico Valdir Espinosa, mas quem acabou realizando esse papel foi Adílio. Atualmente Liminha trabalha nas divisões de base do Mengão.
Como treinador das categorias de base Liminha já deu sua opinião do porque de vários talentos do clube não terem dado certo no time principal. Para ele a culpa dos inúmeros casos de fracasso é a pressão que dão aos garotos recém saídos dos juniores de ainda novos terem que resolver. Para ele os garotos devem subir todos juntos, entrando numa equipe já com base pronta, com uma equipe estruturada para os receber. Certíssimo, não? Que essa lição de Liminha seja usada com essa nova safra de jovens talentosos que esta sendo formada pelo Mengão!
Liminha é um dos Heróis do Mengão!
* Marcelo Bebiano é jornalista e estudioso das coisas do Mengão
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