quarta-feira, 11 de maio de 2016

WALDIR AMARAL: INDIVÍDUO COMPETENTE


O número 1 para mim (é uma questão de gosto pessoal) é o Waldir Amaral, com seus inesquecíveis bordões: "Você ouvinte é a nossa meta, é pensando em você que pensamos em fazer o melhor". Ou o "você vê o jogo ouvindo a rádio Globo. É como se estivesse à beira do estádio".




E na cabeça de um menino pobre do Riachuelo, que nem sempre podia ir ao Maracanã, ouvir o Waldir Amaral era mesmo se sentir à beira do gramado com o meu Flamengo. "Estão desfraldadas as bandeiras rubro-negras. O Flamengo está postado à direita, com meias vermelhas e pretas, nas horizontais; calções brancos e a tradicional camisa listada em vermelho e preto. O Fluminense de meia bordô" e era um mundo de cores que eu nem sequer conhecia, como meias grená ou o Bonsucesso com sua camisa alvi e rubra.
"O Flamengo está postado à minha direita, hipoteticamente falando, à direita do seu radinho de pilha, do lado da estação Ferroviária. O Vasco à esquerda do gol que dá para a estátua do Cristo Redentor".
Ou na volta da escola, voltando correndo pra casa com o radinho de pilha ligado e a maior chiadeira curtindo a revanche em Tóquio do nosso Galinho de Ouro Éder Jofre, o maior boxer brasileiro de todos os tempos, contra o Fighting Harada, responsável pelas suas duas únicas derrotas em toda a sua brilhante carreira.
A derrota sempre foi contestada por Éder, alegando que Harada dava cotoveladas e cabeçadas sem ser coibido pelo juiz, embora reconheça que o japonês possuía um preparo físico fora do comum. "Essa é uma transmissão de longa distância e elevado custo", relatava Valdir Amaral, em uma época em que o Japão realmente ficava no fim do mundo, embora se pudéssemos cavar um túnel sem fim sairíamos sorridentes em pleno centro de Tóquio. No meio da chiadeira geral do rádio, ouvia-se a voz indignada de Waldir diante da derrota do brasileiro que soava a uma grande marmelada.
E ele chamava Pelé de "o deus de todos os estádios" e Garrincha de "o diabo das pernas tortas".
Não fui ao Maracanã e me irritei com a sua transmissão do título do Bangu arrasando o meu Mengo por 3 a 0 na decisão do carioca de 1966. A equipe vermelha e branca tinha um timaço com Paulo Borges, Parada, Bianquine e Mateus. E o Valdir parecia vibrar com o futebol da turma de Moça Bonita, com bordões como "Mateus primeiro os teus".
Mas, tudo depois virou festa quando Almir, o Pernambuquinho, melou o final da partida e do campeonato distribuindo bordoada em todos os adversários. A torcida do Flamengo deixou o estádio festejando e gritando o nome de Almir, o vingador.
"Choveu na horta do Flamengo. A bola está lá dentro. Um golaço de Zico, aproveitando a cavadinha e a entortada de Urigeler no marcador adversário".
"O relógio marca" - "Zico, indivíduo competente, o Galinho de Quintino" - "tem peixe na rede do Vasco da Gama".
Conforme registra o Wikipedia, Waldir Amaral iniciou sua carreira na rádio Clube de Goiânia. No Rio de Janeiro, passou pelas rádios Tupi, Mauá, Continental, Mayrink Veiga, Nacional e Globo. Nesta última, por sinal, permaneceu de 1961 a 1983. Foi Waldir, ao lado de um dos diretores da Rádio Globo, Mário Luiz, o "criador intelectual" da vinheta "Brasil-sil-sil!", gravada pelo radialista Edmo Zarife durante as Eliminatórias da Copa do Mundo para 1970, para levar a seleção à frente, e que está no ar até hoje.


Waldir Amaral faleceu 10 dias antes de completar 71 anos, vitimado por uma insuficiência coronariana.
Em sua homenagem, a rua Turf Club, no bairro do Maracanã, passou a se chamar R. Radialista Waldir Amaral. Rua, aliás, onde se encontrava a sede a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).
Waldir Amaral (Andinópolis - Goiânia, 17 de outubro de 1926 - Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1997) foi um radialista e locutor esportivo brasileiro.



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